11 de out. de 2010

cqc Custe o Que Custar

Uma mosca irritante, provocadora e quase onipresente. Não por acaso, este é o símbolo do programa Custe o Que Custar (CQC), que vai ao ar todas as segundas-feiras na Band e é a versão brasileira do humorístico argentino Caiga Quien Caiga. Desde que estreou, há pouco mais de dois meses, a atração comandada por Marcelo Tas satiriza políticos, celebridades e tudo que for notícia. “Nossa intenção é cutucar, incomodar mesmo, como a própria metáfora da mosca. Mas também estamos aqui para levar uma certa graça às pessoas no fim de noite e, se possível, fazê-las pensar sobre as coisas que acontecem no país”, afirma Tas.
Ao lado do gaúcho Rafinha Bastos e do paulistano Marco Luque, ambos especialistas em comédia stand-up – gênero em que o humorista se apresenta em pé e sozinho no palco –, ele comanda uma trupe de repórteres no melhor estilo Ernesto Varela, o jornalista vivido por Tas nos anos 80 que fazia perguntas desconcertantes aos políticos. “O Varela era um herói solitário, daqueles com a cueca por cima da calça, sabe? Nós somos a Liga da Justiça”, brinca Marco Luque.

A bancada do CQC

1. Rafinha Bastos
Gaúcho de Porto Alegre, formou-se em jornalismo e morou nos Estados Unidos. Hoje, integra o Clube da Comédia Stand Up, um dos mais famosos do gênero, e o elenco do seriado Mothern, do GNT, que ganhará uma terceira temporada neste ano. O único dos três âncoras que participa de reportagens, é o titular do quadro Proteste Já, que cobra soluções para problemas sociais de maneira irreverente.
2. Marcelo Tas
O jornalista veterano já atuou como roteirista e apresentador de diversos programas na TV. Ficou conhecido nacionalmente na década de 80 pelo personagem Ernesto Varela, repórter fictício que fazia perguntas desconcertantes a políticos. Como ator, destacou-se na pele do Professor Tibúrcio, do infantil Rá-Tim-Bum, e do personagem Telekid, do Castelo Rá-Tim-Bum, cujo bordão “‘Porque sim’ não é resposta” virou sucesso. Além de apresentar a atração semanal da Band, é autor do Blog do Tas, na internet.

3. Marco Luque
O ator paulistano foi revelado no espetáculo de humor do grupo Terça Insana, no qual interpreta o motoboy Jackson Five e a empregada Mary Help. Também atuou nos grupos Comédia ao Cubo e Companhia dos Ícones. Antes de apresentar o CQC, fez uma participação em um episódio do seriado Carga Pesada,
da Globo.

Diferentes Reações
Os repórteres fazem o estilo cara-de-pau e saem às ruas para questionar políticos, atores, dançarinas, todo mundo. Nem mesmo o Padre Marcelo foi poupado. Ele até encarou com bom humor as perguntas aparentemente inofensivas – entre elas: “O senhor é padre mas gravou um disco demo?” – do Repórter Inexperiente, interpretado pelo humorista Danilo Gentili.

Mas nem todos os entrevistados reagem bem à irreverência do programa. O cineasta argentino Hector Babenco deu uma “revistada” na cabeça do repórter Oscar Filho ao ouvir uma pergunta irônica: “Como você se sentiria se dissessem que não existe nenhum diretor argentino naturalizado brasileiro que chega aos pés de Fernando Meirelles?”, feita por causa da afirmação de Babenco de que não haveria nenhum ator brasileiro que chegasse aos pés do mexicano Gael García Bernal. “Os políticos em geral não entendem o propósito do programa. Para mim, o Babenco teve uma reação de político, não sabendo responder a uma pergunta. Ou, diante de um fato que ele mesmo criou, não teve jogo de cintura. Ele foi muito autoritário, foi um político do tempo da ditadura”, diz Tas. “O programa é um jornalístico, mas é um jornalístico humorístico. Temos uma série de ‘licenças poéticas’”, completa Rafinha Bastos, o único dos três âncoras a abandonar a bancada para fazer o quadro Proteste Já.

Processo de afinação
Os apresentadores não negam que às vezes pegam pesado na hora de abordar os entrevistados. Mas garantem que a meta é incomodar mais e achincalhar menos. “Ainda estamos num processo de afinação. Quando a gente erra, faz uma crítica interna e vai se corrigindo”, diz Tas. Por enquanto, nenhum entrevistado descontente entrou com processo contra os homens de preto – o figurino oficial do programa. Mas, segundo a coluna Outro Canal, do jornal Folha de S.Paulo, a TV Globo teria pensado em questionar judicialmente o uso de imagens da entrevista concedida pelo jogador Ronaldo ao Fantástico. Na segunda-feira seguinte à exibição, o CQC apresentou uma sátira do bate-papo, intercalando imagens da entrevista do Fenômeno com uma montagem de perguntas de duplo sentido. “Esse não é um assunto que cabe à gente comentar. Só diz respeito às duas emissoras. O que nós fizemos com o Ronaldo foi uma sátira ao material que todo mundo viu. Era uma brincadeira”, afirma Tas.

“Sensacional”
A audiência do programa vai bem: média de 3,5 pontos e picos de 6 pontos. O sucesso, porém, parece não incomodar os concorrentes. Emílio Surita, líder da trupe do Pânico na TV, diz que o CQC é “sensacional” e que ele não se incomoda com as comparações entre as duas atrações. “O CQC é bem-feito, engraçado e mais voltado para a política do que o Pânico”, afirma. Tom Cavalcante também elogia: “É um humor jornalístico, político e irreverente. É algo que eu faria”.

Os Homens de Preto
O programa conta com quatro repórteres munidos de um microfone e muita cara-de-pau


Danilo Gentili
Publicitário, humorista e escritor, integra o Clube da Comédia Stand Up, o mais famoso do gênero. No humorístico, destaca-se como o “Repórter Inexperiente”, que já deixou sem jeito Padre Marcelo, Roberto Cabrini e Gretchen.


Rafael Cortez
Ator, músico e jornalista, participou da Cia. 4 na Trilha e atuou em diversas campanhas publicitárias. No programa, interpreta o “Repórter Egocêntrico”, que só sabe falar de si próprio.


Oscar Filho
Ator e humorista, também faz parte do Clube de Comédia Stand Up há três anos. Na atração semanal da Band, ficou conhecido como o repórter que foi agredido pelo cineasta argentino Hector Babenco ao fazer uma pergunta irônica sobre o diretor Fernando Meirelles.


Felipe Andreoli
Começou como produtor de TV na Record, trabalhou como videorrepórter na TV Cultura e repórter esportivo na Band. Para o CQC, fez matérias na Itália e entrevistou o jogador Robinho para a estréia do programa.

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